Em uma propaganda, ouvi:
Nosso foco era o espaço, queríamos conquistá-lo, mas, quanto mais alto subíamos, mais bonita era a visão da Terra. Era o que havia de mais bonito para se ver lá de cima. De qualquer ângulo, a qualquer momento. Os mares, as nuvens, os continentes se iluminando com o cair da noite.
Qualquer que seja a busca exterior, em algum momento, ela vai nos direcionar ao interior.
Podemos adquirir todo tipo de conhecimento, mas, quando o calo aperta, não é a mente, mas o corpo emocional que toma a dianteira.
O corpo que ficou sufocado.
O corpo que abriga a criança que não foi capaz de compreender as experiências pela qual passou.
O corpo que oculta o medo da rejeição, o medo do abandono, o medo da deslealdade.
O corpo que abriga uma parte tão grande de nós, a ponto de parecer que não nos conhecemos quando observamos as nossas reações em situações de grande estresse.
Acredite, ele é completamente capaz de eclipsar a racionalidade.
Assim como a Terra, somos internamente ricos e podemos passar uma vida inteira descobrindo a nós mesmos.
Não falo, apenas, em dar vazão ao que ficou registrado no inconsciente.
Falo em descobrir potencialidades, as muitas formas por meio das quais podemos nos expressar no mundo.
Falo em, de fato, colocar em prática tudo o que lemos e aprendemos. A cada pequena escolha.
Falo em sermos os senhores do hoje, em vez de sermos as vítimas de um passado, de uma pessoa ou de um fato.
Podemos e devemos reconhecer as nossas fraquezas, os nossos erros, os nossos excessos. Mas não podemos caminhar temendo os resultados das escolhas que, hoje, nos parecem equivocadas.
Se ontem eu exagerei e comi demais, fazer o que? Essas calorias já estão dentro de mim.
Posso me exercitar. Posso escolher alimentos mais leves e naturais. Posso, até mesmo, gravar esse sentimento como um alerta para não mais repetir.
Mas de nada me serve ficar inerte, arrependida e culpada pelo que já está feito.
São as ações posteriores que vão dizer se esse equívoco permanecerá acumulado no meu corpo, ou se ele será dissolvido por escolhas melhores e mais conscientes.
Plantar o que deseja colher. Hoje.
Que a culpa e o arrependimento (sentimentos que, sim, existem) nos sirvam de freio enquanto forem necessários. Enquanto não formos capazes de reconstruir nossos hábitos (e o nosso conhecimento for apenas mental, não estiver gravado nas nossas células).
Um lembrete, não um cimento com o qual pavimentamos o caminho a seguir. Chegará um dia em que deixarão de existir, em que simplesmente cairão no esquecimento por não serem mais necessários.
Em breve, nosso futuro estará permeado por colheitas seguras.
Podemos, sim, contar conosco e é seguro estar nesse corpo.
Então, sairemos da nossa própria órbita e rumaremos ao espaço exterior, apenas para nos olharmos de fora, para admirarmos as nossas próprias construções, para tentarmos compreender um panorama mais expandido das situações que se apresentam.
Jamais em fuga.
Jamais distraídos.
Apenas determinados a ser livres.